O lançamento do foguete que fará o primeiro voo comercial partindo do Brasil, previsto para esta sexta-feira (19), foi adiado pela terceira vez, segundo comunicado emitido pela Força Aérea Brasileira (FAB), pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Innospace, empresa responsável pelo foguete sul-coreano HANBIT-Nano.
O cancelamento aconteceu pela necessidade da realização de inspeção técnica no funcionamento da válvula utilizada para o abastecimento do tanque de metano líquido do segundo estágio do foguete.
Uma nova tentativa dentro da janela de lançamento, que se estende até segunda-feira (22), será definida entre a empresa, a FAB e a AEB. O período deve ser informado somente após uma definição entre as autoridades brasileiras e a empresa sul-coreana.
Terceiro adiamento
Esta é a terceira vez que o lançamento do foguete HANBIT-Nano é reprogramado. Em 21 de novembro, véspera da data inicialmente prevista, a missão já havia sido adiada para a realização de ajustes adicionais no veículo e avaliação do desempenho durante o voo.
O lançamento foi remarcado para 17 de dezembro. Entretanto, a missão precisou cancelada após a detecção de uma “anomalia no dispositivo de resfriamento do sistema de fornecimento de oxidante do primeiro estágio do foguete, durante o procedimento de inspeção final de lançamento”.
O problema foi corrigido com a troca de componentes do foguete e a data foi remarcada para a sexta-feira (19).
Nesta sexta-feira, o horário de lançamento estava previsto para às 15h34, mas foi alterado para às 17h devido ao tempo nublado em Alcântara. O horário foi alterado novamente para às 21h, após ser identificado um problema no fornecimento de energia elétrica em solo no local de lançamento.
O que acontece agora?
A janela de lançamento do foguete — período em que ele pode ser lançado — segue aberta até o dia 22 de dezembro de 2026. Caso até essa data o foguete não seja lançado, uma nova janela de lançamento deve ser informada.
O período deve ser definido entre a empresa responsável pelo foguete, a Força Aérea Brasileira e a Agência Espacial Brasileira. As datas devem considerar condições climáticas favoráveis para o lançamento.
O HANBIT-Nano é capaz de atingir a atmosfera e chegar ao espaço em até três minutos, tem 21,9 metros de altura, pesa 20 toneladas e possui 1,4 metro de diâmetro (veja mais detalhes abaixo). Em sua trajetória até a órbita da Terra, ele pode chegar a 30 mil km/h.
Em números simplificados, ele equivale à altura de um prédio de sete andares, pode voar até 30 vezes mais rápido que um avião comercial e tem peso semelhante ao de quatro elefantes africanos.
Batizada de Spaceward, a missão envolve um trabalho coordenado pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Agência Espacial Brasileira (AEB). O objetivo é levar ao espaço cinco satélites e três dispositivos que auxiliarão pesquisas em mais de cinco áreas, desenvolvidas por instituições do Brasil e da Índia.
Quando lançado, o foguete HANBIT-Nano poderá ser visto a olho nu dos céus de Alcântara (MA) e em parte do litoral de São Luís (MA).
Se bem-sucedido, o lançamento pode representar um avanço do Brasil rumo ao mercado global de lançamentos espaciais. A compensação monetária paga pela Innospace ao governo brasileiro para a missão não foi informada.
Ao g1, a Agência Espacial Brasileira (AEB) informou que a Innospace firmou um acordo de prestação de serviços pelo valor mínimo de retribuição ao Estado com o Governo Brasileiro. Essa modalidade não prevê lucro.
Nova fase
A Operação Spaceward, que vai lançar o HANBIT-Nano, marca o início de uma nova era do Programa Espacial Brasileiro. O foguete pode inserir o Brasil no mercado global espacial, contribuir na melhora da tecnologia dos dispositivos espaciais e atrair novos investimentos estrangeiros, alavancando o Programa Espacial Brasileiro.
A abertura da base ao mercado de lançamento de foguetes comerciais em Alcântara começou a se tornar possível devido a um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) assinado pelos governos brasileiro e dos EUA, em 2019.
Pelo acordo, dispositivos desenvolvidos com tecnologia norte-americana e por empresas privadas autorizadas por ele poderiam ser lançados de Alcântara, e o Brasil ficaria habilitado a receber uma compensação monetária.
Isso porque são os EUA que produzem grande parte dos componentes presentes em foguetes lançados no mundo. Porém, os norte-americanos não autorizam esses dispositivos a serem lançados por países nos quais eles não possuem acordos na área espacial. Com a assinatura, em 2019, o processo foi simplificado.
“Antigamente não era proibido, mas para cada lançamento que você fizesse, precisava de uma autorização especial. Agora, é muito mais fácil”, explicou Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). (G1MA)
Fonte Jornalista Jhon Cutrim
























