A abordagem da Polícia Federal para comunicar a prisão domiciliar e a apreensão do telefone do ex-presidente Jair Bolsonaro ocorreu no momento em que ele entrava na garagem de sua casa em Brasília, no fim da tarde desta segunda-feira, 4.
Durante o dia, Bolsonaro deu expediente na sede do PL, na área central de Brasília. No fim da tarde, deixou o local para retornar à sua residência, em um condomínio no bairro do Jardim Botânico, na capital federal.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi proferida durante a tarde. Como Bolsonaro estava submetido ao uso de tornozeleira eletrônica com recolhimento domiciliar noturno, a equipe da PF preferiu se deslocar até o condomínio para fazer a abordagem no local.
Quando o veículo de Bolsonaro entrava na garagem, os agentes da PF o abordaram e comunicaram a prisão domiciliar. Além disso, avisaram ao ex-presidente que iriam apreender seu telefone celular. Sem oferecer resistência, Bolsonaro saiu do veículo e entregou seu aparelho de telefone aos investigadores ainda na rua, em frente à garagem.
Com a ação cumprida, a equipe da PF não precisou entrar na residência do ex-presidente para efetivar os mandados.
Bolão da Mega-Sena
Pouco antes de ter a prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro (PL) passou a tarde na sede do PL em Brasília. No local, reuniu-se com aliados, organizou um bolão da Mega-Sena com assessores do partido e acompanhou, pela televisão, a repercussão das manifestações do último domingo, que levaram milhares de apoiadores às ruas.
O Estadão conversou com o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP), que esteve com o ex-presidente minutos antes da decisão de Moraes. Segundo o parlamentar, Bolsonaro estava mais sério do que o habitual, mas ainda de bom humor, e não demonstrou sinais de que esperava ser preso. Pelo contrário: estava preocupado em chegar em casa antes das 19h, horário em que começava o recolhimento determinado pelo STF.
“Ele estava mais concentrado, mais sério um pouco, mas de bom humor, fazendo brincadeiras. Estava soluçando muito, muito mesmo”, relatou Bove, que é um dos parlamentares paulistas mais próximos do ex-presidente.
O deputado contou que, ao longo da tarde, Bolsonaro organizou um bolão da Mega-Sena com assessores do PL enquanto acompanhava pela televisão a repercussão das manifestações do último domingo. Durante a conversa, o ex-presidente comemorou o resultado dos atos, marcados por críticas a Alexandre de Moraes e pedidos de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.
“Ele disse que as manifestações mostraram que nós estamos do lado certo da história e que o povo está conosco”, relatou Bove. Apesar do tom confiante, Bolsonaro não deu instruções sobre os próximos passos do grupo, afirmando apenas que era necessário “esperar dia após dia”.
Por volta das 17h, o ex-presidente deixou a sede do PL às pressas, conta o deputado. Pegou o elevador, desceu para a garagem e partiu rapidamente, preocupado em não se atrasar para o recolhimento noturno imposto pelo STF.
“Ele falou que não podia vacilar, que precisava sair antes para fazer um caminho diferente e não passar perto de embaixadas”, relatou o deputado.
Minutos depois, veio a decisão de Moraes decretando a prisão domiciliar. Quando Bolsonaro chegava em casa, foi abordado por policiais federais ainda na garagem. Eles comunicaram a decisão e apreenderam o celular antes que o ex-presidente entrasse na residência.
Fonte jornalista Jhon Cutrin